Coronavirus e imunocompetência
O anúncio dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de que estávamos diante de uma pandemia do novo coronavírus gerou muito medo e apreensão na população em nível mundial. Imediatamente vimos surgir inúmeras mudanças na forma de funcionamento da sociedade. Diante de tantas mortes, imagens aterradoras de pessoas infectadas pelo vírus, superlotando as UTI, relatos de superlotação hospitalar, falta de preparo de profissionais e material, corrida contra o tempo para entender e e buscar o tratamento adequado para tratar a doença, tudo mudou, o mundo não foi mais o mesmo. Passou-se a viver em função dessa Pandemia. As pessoas foram obrigadas a se recolherem, tudo parou, e quem não parou passou a trabalhar em casa ( home office), escolas, universidades e comércios tiveram ordens para fechar. Muitos perderam seus empregos. As mudanças ocorridas foram drásticas: muitos deixaram de conviver com seus familiares por serem do grupo de risco, crianças e adolescentes se privaram do contato social com seus pares e perderam aulas presenciais. Ninguém imaginava o cenário atual, tudo é muito novo para todos nós, o que resulta em angústia, insegurança, sofrimento e muitas dúvidas. Estamos a nos perguntando: até quando irá essa pandemia? Essa é uma situação que foge ao controle e não possibilita visualizarmos um direcionamento claro, gerando muitos questionamentos, por exemplo, como vamos ficar depois que a pandemia. Isso, afetou nosso equilíbrio emocional. É sabido que, frente a uma pandemia e/ou isolamento social, sentimentos de impotência e desesperança, ansiedade, humor deprimido e estresse passaram a ser mais frequentes. Diversos estudos feitos nesta área apontam que os níveis de estresse e a presença de humor deprimido, afetam a resposta do sistema imunológico visto que podem impactar na produção de anticorpos, por exemplo. Diante de tal contexto, para além da saúde física, é importante dar-se uma atenção especial para a saúde mental, que consequentemente pode afetar também o nosso sistema imunológico. A Psiconeuroimunologia é o campo científico que dedica-se a estudar as ligações entre o cérebro, o comportamento e o sistema imunológico. A hipótese base deste modelo é que estressores psicossociais diminuem a eficiência do sistema imunológico, aumentando significativamente, portanto, a capacidade da pessoa adquirir sintomas clínicos (risco de uma doença). Dessa maneira, diante de uma ameaça biológica, a imunocompetência (capacidade do sistema imunológico proteger o corpo), estará relacionada com fatores psicossociais entre eles: nossos estados emocionais e o tipo e a intensidade de estresse que estamos enfrentando. É, portanto, indispensável, encontrarmos formas de enfrentamento para essa epidemia, cuidando da saúde física e mental. Quando estamos ansiosos e preocupados, perdemos a noção do que nos costumava dar prazer. É importante atentamos para esse fato e procurarmos planejar realizar algumas atividades diárias que possam nos trazer alegria, prazer, de forma a ficarmos menos desconfortáveis. Por exemplo, ler um bom livro, assistir a uma comédia na TV, dançar, tocar um instrumento ou cantar as tuas músicas favoritas, tomar um banho relaxante ou comer a tua comida favorita aprender alguma coisa nova, brincar com crianças, animais, pesquisar por um assunto que você está interessado, arrumar seu guarda roupa ou gavetas, entrar em contato com alguém, amigos, parentes que você goste, etc. Desequilíbrio de prazer, realização e proximidade humana pode afetar nosso bem-estar e humor. Assim, se você passa a maior parte do teu tempo trabalhando, sem tempo para momentos de prazer ou socialização, poderás começar a sentir-se desmotivado e isolado. Igualmente se você passar a maior parte do teu tempo relaxando e deixar de fazer outras atividades importantes para você, isso também poderá afetar o seu humor. Somos animais sociais, por isso necessitamos e naturalmente desejamos proximidade e conexão social. Com a atual crise que nos encontramos, muitos de nós estaremos fisicamente isolados ou distantes de outros, por isso é importante considerarmos formas responsáveis e criativas de nos conectarmos, para que não nos tornemos socialmente isolados e solitários. Podemos nos continuar a conectarmos com nossos amigos e parentes ainda que de forma virtual, usando redes e plataformas sociais, telefonemas e chamadas de vídeo, criar atividades online compartilhadas, por exemplo, um clube de leitura, um concurso de charadas, até mesmo um bate papo entre várias pessoas ou estar ligado com a vizinhança e ver formas de te envolveres em ajuda comunitária local.
Dra Edna Paciência Vietta Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto.